A notícia é veiculada pela Renascença:
O Estado português paga 2 cêntimos por km aos doentes do distrito de Portalegre que precisem de se deslocar ao hospital mais próximo.
Ou seja, parte do princípio que alguém consegue, nos dias que correm, fazer cem quilómetros com 2 euros!!!
A situação não será única no país, mas apanhou de surpresa muita gente nesta zona do Alto Alentejo.
Segundo a peça de Dora Pires "Portalegre é daqueles distritos onde não se percebe se falta de tudo porque falta lá gente, ou se falta gente porque lá falta de tudo.
Quem como José Vieira vive em Benavila, no concelho de Avis, tem vários hospitais (Portalegre, Évora, Abrantes ou Lisboa) por onde escolher para fazer um simples exame de diagnóstico, mas o mais próximo fica a cerca de 60 quilómetros.
Para lá chegar já houve algumas alternativas. Há uns anos era possível ir de táxi ou na ambulância dos bombeiros, lembra José Vieira, mas agora surgiram restrições e "só em casos muitos especiais" é que o médico de família autoriza a deslocação em ambulância.
Até ao passado dia 2 de Fevereiro, a opção por transporte privado era paga ao valor do bilhete do autocarro, mas de repente veio a ordem para aplicar uma tabela dos tempos em que se gastava 4 escudos por quilómetro em combustível. A única actualização foi passar de 4 escudos para... 2 cêntimos.
Seja em que moeda for, para José Vieira e outros reformados da agricultura que abundam nesta parte do país, estas contas só dão um resultado: "com esta medida há muitos reformados que lhe serão passados os exames complementares diagnóstico fora do concelho e por dificuldades económicas não podem ir fazer os exames", frisa este utente do Serviço Nacional de Saúde.
Confrontadas com esta situação, a Administração Regional de Saúde do Alentejo e a Sub-Região de Saúde de Portalegre confirmam a alteração neste distrito, isto porque a Inspecção-Geral de Saúde considera ilegal o pagamento das viagens ao preço dos bilhetes de transporte público.
Entendem a indignação dos utentes, mas aguardam pela actualização das tabelas.
Até lá, o Estado, que não pára de aumentar o imposto sobre os combustíveis, reembolsa as deslocações dos doentes a 2 cêntimos por quilómetro"