Não sei quem sou, que alma tenho. Quando falo com sinceridade não sei com que sinceridade falo. Sou váriamente outro do que um eu que não sei se existe (se é esses outros). Sinto crenças que não tenho. Enlevam-me ânsias que repudio. A minha perpétua atenção sobre mim perpétuamente me ponta traições de alma a um carácter que talvez eu não tenha, nem ela julga que eu tenho. Sinto-me múltiplo. Sou como um quarto com inúmeros espelhos fantásticos que torcem para reflexões falsas uma única anterior realidade que não está em nenhuma e está em todas. Como o panteísta se sente árvore [?] e até a flor, eu sinto-me vários seres. Sinto-me viver vidas alheias, em mim, incompletamente, como se o meu ser participasse de todos os homens, incompletamente de cada [?], por uma suma de não-eus sintetizados num eu postiço.
Fernando Pessoa, in 'Para a Explicação da Heteronímia'
Quem me dera Ao menos uma vez Ter de volta todo o ouro Que entreguei a quem Conseguiu me convencer Que era prova de amizade Se alguém levasse embora Até o que eu não tinha
Quem me dera Ao menos uma vez Esquecer que acreditei Que era por brincadeira Que se cortava sempre Um pano-de-chão De linho nobre e pura seda
Quem me dera Ao menos uma vez Explicar o que ninguém Consegue entender Que o que aconteceu Ainda está por vir E o futuro não é mais Como era antigamente.
Quem me dera Ao menos uma vez Provar que quem tem mais Do que precisa ter Quase sempre se convence Que não tem o bastante Fala demais Por não ter nada a dizer.
Quem me dera Ao menos uma vez Que o mais simples fosse visto Como o mais importante Mas nos deram espelhos E vimos um mundo doente.
Quem me dera Ao menos uma vez Entender como um só Deus Ao mesmo tempo é três Esse mesmo Deus Foi morto por vocês Sua maldade, então Deixaram Deus tão triste.
Eu quis o perigo E até sangrei sozinho Entenda! Assim pude trazer Você de volta para mim Quando descobri Que é sempre só você Que me entende Do início ao fim.
E é só você que tem A cura do meu vício De insistir nessa saudade Que eu sinto De tudo que eu ainda não vi.
Quem me dera Ao menos uma vez Acreditar por um instante Em tudo que existe E acreditar Que o mundo é perfeito Que todas as pessoas São felizes...
Quem me dera Ao menos uma vez Fazer com que o mundo Saiba que seu nome Está em tudo e mesmo assim Ninguém lhe diz Ao menos, obrigado.
Quem me dera Ao menos uma vez Como a mais bela tribo Dos mais belos índios Não ser atacado Por ser inocente.
There's still a little bit of your taste in my mouth There's still a little bit of you laced with my doubt It's still a little hard to say what's going on
There's still a little bit of your ghost your witness There's still a little piece of your face i haven't kissed You step a little closer each day Still i can't see what's going on
Stones taught me to fly Love taught me to lie Life taught me to die So it's not hard to fall When you float like a cannonball
There's still a little bit of your song in my ear There's still a little bit of your words i long to hear You step a little closer to me So close that i can't see what's going on
Stones taught me to fly Love taught me to lie Life taught me to die So it's not hard to fall When you float like a cannon
Stones taught me to fly Love taught me to cry So come on courage Teach me to be shy 'Cause it's not hard to fall And i don't want to scare her It's not hard to fall And i don't wanna lose It's not hard to grow When you know that you just don't know